segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A astronomia pré-histórica




      A astronomia é a mais antiga das ciências naturais, uma ciência que surgiu com os primeiros homens. Logo a astronomia antecede até mesmo a escrita, e, claramente a falta da escrita propriamente dita coloca fortes barreiras sobre o conhecimento astronômico. Basta lembrar que sem ela fica muito mais difícil realizar uma das tarefas mais elementares e importantes da astronomia: o registro de observações astronômicas. Então como começaram a ser feitas as primeiras observações astronômicas? O ramo da astronomia que estuda como que nossos antepassados utilizavam à astronomia é chamada de Arqueoastronomia e ela será muito útil para nos dar esta  resposta.
        De fato, quando o processo de sedentarização começou a dar passos largos (Revolução Agrícola) o homem pode se estabelecer, formar comunidades, plantar e pastorear, o tempo passou a fazer parte do cenário cósmico assim foi preciso criar um meio de medi-lo e nada melhor que o próprio céu. Deste modo, a paisagem, que agora inclui corpos celestes, inclui uma dimensão extra na estrutura do diálogo simbólico entre homem e natureza, resultando na sacralização do espaço e na ritualização do tempo.
       O Universo conhecido por estes povos pré-históricos era somente aquele visível. Eles não conseguiam explicar a ocorrências de fenômenos corriqueiros tais como a aparição de um cometa ou um eclipse. Esses fenômenos eram observados por eles com pavor e os levaram à elaboração de muitos mitos associados à astronomia. Ao mesmo tempo, a necessidade de saber quando semear e quando colher, o que garantia a subsistência desses povos, fez com que eles passassem a olhar com mais atenção para o seu universo local. Isso pode ser comprovado pelas varias construções megalíticas (Chamamos de construções megalíticas as estruturas feitas por estes povos em que há a presença de megalitos.
(Stonehenge é um alinhamento megalítico da
Idade do Bronze, localizado no Sul da Inglaterra.
O início de sua construção foi em 2600 a.C.)

A palavra “megalito” significa “grande pedra” em grego.) que sobreviveram ate os dias de hoje e que estão, de alguma forma relacionada com a obtenção de dados astronômicos.
         No entanto existem certas polêmicas a respeito das construções megalíticas, pois, o simples fato de uma direção se materializar em monumentos megalíticos não é suficiente para lhe atribuir qualquer significado de natureza astronômica. Este significado se torna mais plausível à medida que se adicionem fatos adjuvantes que corroborem a idéia de que tais monumentos tinham como objetivo a observação astronômica. Estes fatos adjuvantes poderão ser, por exemplo, elementos da arte megalítica tais como crescentes lunares e sóis, que surgem em menires  ou em cromlechs que evidenciam possíveis orientações solares ou lunares.
        Alguns arqueoastrônomos argumentam que determinados monumentos históricos ou pré-históricos estão orientados para a estrela ou para a constelação x, y ou z. Todavia aqui coloca-se uma questão fundamental, que se aplica também a todo o campo de estudo da astronomia cultural e que é a seguinte: as orientações propostas para esses monumentos são intencionais ou não passam de coincidências?
        No texto: “ALGUMAS CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE ARQUEOASTRONOMIA”  Fernando Coimbra cita o seguinte exemplo:
       “Imaginemos que daqui a cinco ou seis mil anos o Centro Cultural de Belém se encontra em ruínas e se perderam todas as informações escritas relativas ao mesmo.  Uma vez que a entrada principal desse edifício está virada para o jardim fronteiro ao Mosteiro dos Jerônimo e consequentemente virada a leste, um arqueoastrônomo que se preocupasse apenas com orientações astronômicas e não trabalhasse em conjunto com um arqueólogo poderia facilmente ser iludido se, por acaso, a luz do sol num dos solstícios ou num dos equinócios iluminasse algum setor significativo das ruínas em questão. Seria então, certamente, elaborada por esse investigador a teoria sobre um culto solar praticado por aqueles longínquos antepassados, sendo os vestígios arquitetônicos do CCB considerados como um templo.
               A Arqueoastronomia lida com astros mas lida principalmente com seres humanos. Ignorar a informação arqueológica relativa a um sítio que se pretenda estudar de modo arqueoastronômico pode levar a graves erros de interpretação.
             Atualmente, cada vez mais astrônomos reconhecem que a Terra ao longo da sua história vem  sendo bombardeada por cometas, pequenos asteróides, meteoritos e chuvas de meteoros. Logo existiram épocas em que o céu estampava um ou mais cometas fazendo companhia a incríveis chuvas de meteoro no céu. Tais fenômenos com certeza deveriam ter grande impacto nestas pessoas, portanto ao menos traços desses antigo céu deveriam ser detectáveis em estruturas e crenças das primeiras culturas.
        Ou seja, nem todas as estruturas megalíticas são evidências da “astronomia pré-histórica”, somente aquelas que apresentam algumas características especificas.        Hoje em dia já foram descobertas outras evidências que nos mostram que as primeiras civilizações já olhavam para o céu, um dos sítios mais fascinantes onde surgem estas evidências é a chamada Toca do Cosmos (Baía, Brasil), uma gruta com representações de sóis, possíveis cometas e eclipses. “Os povos daquela região fizeram um buraco na rocha para que os raios solares entrassem na Toca e encontrassem um desenho de sol na parede de rocha em frente ao buraco. Entre as datas mencionadas, o Sol real percorre a borraca da gruta e às 15h47 ele se acopla ao Sol pintado, cobrindo inteiramente o desenho. Ao lado do desenho do Sol, há um lagarto que é o símbolo solar porque as horas de maior interatividade do lagarto são quando o sol está mais quente. ” (Maria Beltrão)
                                          Desenho de um cometa em Toca do Cosmos
                                          Desenho do que aparenta ser um calendário em Toca do Cosmos





Bibliografia:   
Da origem ao fim do Universo Modulo 1
ABC da astronomia episódio 1

Cosmos uma odisséia no espaço episódio 1

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