A
astronomia é a mais antiga das ciências naturais, uma ciência que surgiu com os
primeiros homens. Logo a astronomia antecede até mesmo a escrita, e, claramente
a falta da escrita propriamente dita coloca fortes barreiras sobre o
conhecimento astronômico. Basta lembrar que sem ela fica muito mais difícil
realizar uma das tarefas mais elementares e importantes da astronomia: o
registro de observações astronômicas. Então como começaram a ser feitas as
primeiras observações astronômicas? O ramo da astronomia
que estuda como que nossos antepassados utilizavam à astronomia é chamada de Arqueoastronomia
e ela será muito útil para nos dar esta resposta.
De
fato, quando o processo de sedentarização começou a dar passos largos (Revolução
Agrícola) o homem pode se estabelecer, formar comunidades, plantar e pastorear,
o tempo passou a fazer parte do cenário cósmico assim foi preciso criar um meio
de medi-lo e nada melhor que o próprio céu. Deste modo, a paisagem, que agora
inclui corpos celestes, inclui uma dimensão extra na estrutura do diálogo
simbólico entre homem e natureza, resultando na sacralização do espaço e na
ritualização do tempo.
O Universo conhecido por estes povos pré-históricos
era somente aquele visível. Eles não conseguiam explicar a ocorrências de
fenômenos corriqueiros tais como a aparição de um cometa ou um eclipse. Esses
fenômenos eram observados por eles com pavor e os levaram à elaboração de
muitos mitos associados à astronomia. Ao mesmo tempo, a necessidade de saber
quando semear e quando colher, o que garantia a subsistência desses povos, fez
com que eles passassem a olhar com mais atenção para o seu universo local. Isso
pode ser comprovado pelas varias construções megalíticas (Chamamos de construções
megalíticas as estruturas feitas por estes povos em que há a presença de
megalitos.
A palavra “megalito” significa “grande pedra” em grego.) que
sobreviveram ate os dias de hoje e que estão, de alguma forma relacionada com a
obtenção de dados astronômicos.
(Stonehenge é um alinhamento megalítico da
Idade do Bronze, localizado no Sul da Inglaterra.
O início de sua construção foi em 2600 a.C.)
No entanto existem certas polêmicas a respeito das construções megalíticas,
pois, o
simples fato de uma direção se materializar em monumentos megalíticos não é
suficiente para lhe atribuir qualquer significado de natureza astronômica. Este
significado se torna mais plausível à medida que se adicionem fatos adjuvantes
que corroborem a idéia de que tais monumentos tinham como objetivo a observação
astronômica. Estes fatos adjuvantes poderão ser, por exemplo, elementos da arte
megalítica tais como crescentes lunares e sóis, que surgem em menires ou em cromlechs que
evidenciam possíveis orientações solares ou lunares.
Alguns arqueoastrônomos argumentam que
determinados monumentos históricos ou pré-históricos estão orientados para a
estrela ou para a constelação x, y ou z. Todavia aqui coloca-se uma questão
fundamental, que se aplica também a todo o campo de estudo da astronomia
cultural e que é a seguinte: as orientações propostas para esses monumentos são
intencionais ou não passam de coincidências?
No texto: “ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
TEÓRICAS SOBRE ARQUEOASTRONOMIA” Fernando
Coimbra cita o seguinte exemplo:
“Imaginemos que daqui a cinco ou seis
mil anos o Centro Cultural de Belém se encontra em ruínas e se perderam todas
as informações escritas relativas ao mesmo. Uma vez que a entrada principal desse edifício
está virada para o jardim fronteiro ao Mosteiro dos Jerônimo e consequentemente
virada a leste, um arqueoastrônomo que se preocupasse apenas com orientações
astronômicas e não trabalhasse em conjunto com um arqueólogo poderia facilmente
ser iludido se, por acaso, a luz do sol num dos solstícios ou num dos
equinócios iluminasse algum setor significativo das ruínas em questão. Seria
então, certamente, elaborada por esse investigador a teoria sobre um culto
solar praticado por aqueles longínquos antepassados, sendo os vestígios arquitetônicos
do CCB considerados como um templo.”
A Arqueoastronomia lida com
astros mas lida principalmente com seres humanos. Ignorar a informação
arqueológica relativa a um sítio que se pretenda estudar de modo arqueoastronômico
pode levar a graves erros de interpretação.
Atualmente, cada vez mais astrônomos
reconhecem que a Terra ao longo da sua história vem sendo bombardeada por cometas, pequenos
asteróides, meteoritos e chuvas de meteoros. Logo existiram épocas em que o céu
estampava um ou mais cometas fazendo companhia a incríveis chuvas de meteoro no
céu. Tais fenômenos com certeza deveriam ter grande impacto nestas pessoas,
portanto ao
menos traços desses antigo céu deveriam ser detectáveis em estruturas e crenças
das primeiras culturas.
Ou seja, nem todas as estruturas megalíticas
são evidências da “astronomia pré-histórica”, somente aquelas que apresentam
algumas características especificas.
Hoje em dia já foram descobertas outras evidências que nos mostram que
as primeiras civilizações já olhavam para o céu, um dos sítios mais fascinantes onde surgem
estas evidências é a chamada Toca do Cosmos (Baía, Brasil), uma gruta com
representações de sóis, possíveis cometas e eclipses. “Os povos daquela região
fizeram um buraco na rocha para que os raios solares entrassem na Toca e encontrassem
um desenho de sol na parede de rocha em frente ao buraco. Entre as datas
mencionadas, o Sol real percorre a borraca da gruta e às 15h47 ele se acopla ao
Sol pintado, cobrindo inteiramente o desenho. Ao lado do desenho do Sol, há um
lagarto que é o símbolo solar porque as horas de maior interatividade do
lagarto são quando o sol está mais quente. ” (Maria Beltrão)
Desenho de um cometa em Toca do Cosmos
Desenho do que aparenta ser um calendário em Toca do Cosmos
Desenho de um cometa em Toca do Cosmos
Desenho do que aparenta ser um calendário em Toca do Cosmos
Bibliografia:
Da origem ao fim do Universo Modulo 1
ABC da astronomia episódio 1
Cosmos uma odisséia no espaço episódio 1
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